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Thursday, July 11, 2013

Bits and Pieces - Thoughts about Pablo Neruda (in PT)

Quem me conhece bem sabe que sou uma romântica incurável.
Apesar de ser uma mulher independente e do século XXI, que vejo a ideia da supremacia masculina como a mentira mais bem contada e disfarçada da história, não deixo de apreciar os gestos de romantismo "old school".
Todo o meu fascínio pelo "Drácula" de Bram Stoker passa um pouco por aí.
Gosto da ideia de ser seduzida, que me ofereçam flores, me levem a ver um pôr-do-sol, que me cantem ao ouvido ou sussurrem coisas bonitas, que me surpreendam com as coisas mais simples e banais mas que demonstram afecto e carinho.
Durona sim, mas não deixo de ser mulher mesmo que seja com a "sensibilidade de um calhau", expressão muito popular na minha boca desde que me lembro.

Talvez com a idade esteja a ficar mais "soft", dou por mim a mudar e onde estava a destemida Sofia às vezes encontro uma assustada Ana. Talvez por isso me sinta mais sensível do que era antes.
Mas esta intro toda porquê? Já vai fazer sentido.

Em conversa com uma amiga surgiu o tema "Pablo Neruda" e causou uma enorme surpresa o facto de eu nunca ter lido de forma aprofundada a obra deste senhor.
Tendo eu uma forte veia de romantismo gótico como é que era possível que assim fosse.
Na altura não respondi mas tentarei explicar agora.

O meu caro amigo Pablo fala de amor como eu percepciono o amor e lê-lo na fase mais "emo" da minha vida seria impensável. Vivia demasiado absorvida pelo meu próprio sofrimento e mágoa, quase como se fosse uma droga que me alimentava o espírito criativo de uma forma egoísta e egocêntrica.
Agora já consigo lê-lo e apreciar, deixar-me comover com as belas palavras que escreve.

Deixo convosco dois dos seus trabalhos o primeiro entitulado "Saudade" e o segundo "Quero-te Apenas Porque a Ti Eu Quero".

Espero que gostem e deixem-se levar pelo sentimento que ele expressa.

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Quero-te Apenas Porque a Ti Eu Quero

Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Quero-te apenas porque a ti eu quero,
a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,
e a medida do meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego.

Consumirá talvez a luz de Janeiro,
o seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.

Nesta história apenas eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.


Wednesday, March 6, 2013

Bits and Pieces - Momentos

Passei os meus dedos pela agua morna, sentindo-a acariciar a minha pele de forma quase aveludada.
A temperatura estava perfeita, tal qual o desejara.
Deslizei o robe de seda pelos meus braços, descobrindo pouco a pouco o meu corpo nú, provocando um suspiro quando o ar frio me arrepiou a pele e enrijeceu os mamilos.
Deixei-o cair no chão como se me livrasse de uma segunda pele, como se removesse a carapaça com que me envolvia todos os dias pela manhã.
Ergui uma perna após a outra e submergi-as na água tépida coberta de bolhas de sabão perfumado, debrucei-me para a torneira, terminando os jorros de água fumegante que se misturavam no meu leito aquático e alvo.
Deixei-me descair e cobri-me completamente com a espuma, deixando somente a minha cabeça à tona por mais uns minutos antes de também ela submergir completamente.
Abri os olhos dentro do meu pequeno mar caseiro de águas turvas e observei com prazer o exterior distorcido pelas bolhas enquanto sustinha minha respiração.
Sorria no silencia e desfrutei da paz submersa em que me encontrava.
Senti-me viajar dentro da minha própria mente...
Corria desnudada numa planície branca, sentia-me livre de tudo e de todos, sem julgamentos, sem inibições, sem medos ou tristezas. Somente eu, a paisagem branca e a sensação de leveza e liberdade.
Emergi do meu pequeno paraíso quando o oxigénio escasseava mas aquela sensação permaneceu.
Algo de mim permanece sempre na planície, cru e livre.